Mestrado Acadêmico
Mestrado Acadêmico (até 2016)
A evolução inicial da proposta pedagógica do curso de Mestrado Acadêmico e a proposta inicial do curso de Doutorado do Programa são apresentados no artigo Rocha et al. 2007 (Pós-Graduação em ecologia no Instituto de Biologia da UFBA: um currículo em evolução. RBPG 4(8): 227-244).
O curso de Mestrado Acadêmico em Ecologia e Biomonitoramento possui uma única área de concentração (Ecologia e biomonitoramento) à qual se associam seis linhas de pesquisa: ecofisiologia e comportamento animal; ecologia de populações e comunidades; ecologia das interações; ecotoxicologia e biomonitoramento; epistemologia, teoria ecológica e ensino; e ecologia aplicada à gestão ambiental.
Para cumprir seus objetivos e contribuir para a formação desejada do perfil dos egressos (ver item “Objetivos” acima), o curso de Mestrado Acadêmico possui uma grade específica de atividades.
Estrutura curricular vigente:
No exame de ingresso, os candidatos a vagas no curso de Mestrado Acadêmico apresentam sua proposta de tema de pesquisa a ser desenvolvido na dissertação de mestrado. No primeiro semestre do curso, participam de um conjunto de disciplinas que os auxiliam a qualificar sua questão de pesquisa e a planejar as estratégias metodológicas que deverão ser empregadas para seu desenvolvimento.
Inicialmente, cursam a disciplina “Delineamento amostral”, com 68 horas. Essa disciplina tem como objetivo geral despertar o espírito crítico dos estudantes quanto à produção de conhecimento científico em ecologia e contribuir para que iniciem o processo de aperfeiçoamento de seu projeto de pesquisa. Os objetivos específicos da disciplina são: (a) caracterizar a produção de conhecimento científico em ecologia como um conjunto de processos de construção de teorias e modelos sobre causas e consequências dos padrões de distribuição e de abundância de organismos e da avaliação empírica dessas teorias e modelos, direcionado por valores epistêmicos como racionalidade e objetividade, socialmente arbitrado por processos de avaliação por pares e em constante interação com outros valores sociais, particularmente no campo da gestão ambiental; (b) apresentar o processo de argumentação da lógica informal como pano de fundo para o estabelecimento da relevância e da qualidade da produção científica; (c) estabelecer as conexões entre hipóteses ecológicas e a definição de variáveis operacionais e de estratégias amostrais para testá-las; (d) apresentar a lógica entre testes de hipótese estatísticos e seu papel no desenvolvimento de argumentos científicos no campo da ecologia; (e) apresentar a lógica de testes de hipótese multifatoriais e de análises multivariadas; (f) permitir que os projetos de mestrado dos estudantes sejam submetidos a críticas de seus pares, contribuindo para seu aperfeiçoamento. Para atingir esses objetivos, a disciplina mobiliza e integra conhecimentos dos campos da epistemologia (teorias de conhecimento: indutivismo, refutacionismo e sua relação com métodos de análise estatística), da argumentação (estrutura e validade de argumentos), do planejamento experimental (definição de variáveis operacionais, papel das repetições, independência e controle no planejamento amostral), da estatística (teste de hipótese nula e alternativas a ele, testes uni e multifatoriais uni e multivariados) e da análise multivariada (técnicas de ordenação) no escopo da investigação ecológica e do uso da ecologia para encaminhar soluções a problemas ambientais. A experiência de anos de avaliação das disciplinas do Mestrado Acadêmico pelos estudantes indicam que essa disciplina tem um papel transformador importante no modo como os mesmos compreendem a ciência ecológica e na melhoria da concepção de seus projetos de pesquisa (como relatado em Pinto-Leite et al. 2010. Epistemologia e história da ciência em ecologia como o passo inicial na formação do ecólogo. RBPG 7(14): 455-473).
Em seguida, os estudantes cursam a disciplina “Bioestatística”, de 68 horas. Essa disciplina tem por objetivos gerais discutir as estratégias de análises estatísticas possíveis para diferentes tipos de dados biológicos e ecológicos e dar subsídios para a tomada de decisão dos tipos de testes a serem utilizados pelos estudantes. Seus objetivos específicos incluem a ampliação e aprofundamento do conhecimento sobre distribuições de frequências e modelos lineares, além de outros tipos análise de dados, incluindo os modelos não lineares, a generalização dos modelos lineares para distribuições de erros diferentes da gaussiana (GLM), alternativas aos testes de hipóteses (i.e., seleção de modelos) e técnicas multivariadas de classificação. Adicionalmente, os introduz à linguagem de programação “R” visando conferir aos estudantes maior autonomia para o estabelecimento de protocolos de análise de dados e a familiarização com uma linguagem de programação. Com o objetivo de contribuir com o aperfeiçoamento dos projetos de pequisa dos estudantes, esses conhecimentos são usados para simular dados que serão obtidos em suas investigações empíricas, seguindo tanto os modelos mecanísticos de resposta, conhecidos na literatura ecológica, como modelos empíricos, lineares ou não, além do uso de distribuições de erros adequadas aos tipos de dados. Estes conjuntos de dados simulados são, então, analisados.
Em seguida, os estudantes cursam a disciplina “Ecologia de campo”, com 119 horas. Essa disciplina tem por objetivo geral permitir que os estudantes formulem, em grupo, uma ou mais questões de pesquisa, planejem estratégias metodológicas para sua implementação, coletem e analisem dados para executá-la e produzam textos em forma de manuscritos que visem comunicar os resultados. Nessa disciplina, os temas apresentados nas disciplinas “Delineamento amostral” e “Bioestatística” podem ser colocados em prática. Adicionalmente, os estudantes se deparam com as dificuldades relacionadas especificamente à fase empírica da atividade científica e buscam modos para superá-las. A disciplina é organizada dois blocos: no primeiro, os projetos de pesquisa são concebidos e criticados pelos pares (formulação de hipóteses e planejamento experimental) e os materiais necessários para sua execução são definidos e obtidos; no segundo, os projetos são executados e os documentos finais são preparados. A equipe docente conta com o professor responsável e professores convidados, usualmente incluindo profissionais de outras universidades. Durante a disciplina os conhecimentos sobre ecologia, planejamento experimental e análise de dados são ampliados a partir de aulas e leituras.
Ao final do primeiro semestre letivo, os estudantes cursam a disciplina “Seminários”, com 17 horas, na qual apresentam seu projeto de mestrado para uma audiência composta por seus colegas de turma, estudantes de doutorado e docentes internos e externos, recebendo críticas e sugestões de melhoria. Essa disciplina cumpre um papel importante como marco de consolidação do projeto de mestrado que será executado ao longo dos 18 meses seguintes.
Ao longo do segundo semestre, os estudantes cursam as disciplinas “Ecologia de populações”, “Ecologia de comunidades” e “Princípios de biomonitoramento”, cada uma com 68 horas. Essas disciplinas visam permitir que os estudantes se aprofundem no estudo das teorias e modelos em ecologia e, ao mesmo tempo, sejam capazes de mapear diferentes abordagens ecológicas em hierarquias de níveis de organização associadas a distintas escalas espaciais e temporais. Visam ainda explorar as relações entre teorias ecológicas e problemas aplicados na área da conservação da biodiversidade. As atividades das disciplinas procuram aproximar as teorias e modelos estudados dos temas dos projetos de dissertação dos estudantes.
Ao final do primeiro ano letivo, os estudantes devem apresentar um relatório de pesquisa que inclua pelo menos as seções de introdução e materiais e métodos de sua dissertação, o qual é encaminhado a assessores que apresentam críticas visando sua melhoria.
Os estudantes de mestrado devem ainda, ao longo dos 24 meses de curso, realizar a atividade “Estágio docente orientado”, com 34 horas, cursar 51 horas de disciplinas optativas e se matricular na atividade “Pesquisa orientada” em todos os semestres.
O Estágio docente orientado inclui 17 horas de discussões sobre ensino superior (histórico, planejamento pedagógico, técnicas de ensino e de avaliação), com foco em ecologia, e 17 horas de estágio docente com estudantes de graduação. O estágio pode ser realizado em disciplinas de graduação que tratem de assuntos que tenham interface com a ecologia ou em cursos de extensão propostos e executados pelos próprios estudantes com temas associados a seus projetos de dissertação. Essa segunda opção é a usualmente adotada pelos estudantes e são organizadas em “cursos de férias de ecologia”, que usualmente têm uma grande repercussão local. Em ambos os casos o estágio conta com a supervisão de um professor.
A experiência acumulada pelo curso de Mestrado Acadêmico indica que a formação dos estudantes é beneficiada pela formação de turmas que interagem ao longo de um ano em disciplinas. Como elas são concebidas de modo a contribuir com o aperfeiçoamento dos projetos de pequisa de todos os estudantes (ou seja, projetos associados a seis diferentes linhas de pesquisa), essa experiência contribui para que os estudantes ampliem sua compreensão sobre os campos da ecologia e seus modos de produção de conhecimento.
A atividade de pesquisa orientada é realizada sob a supervisão direta do orientador e eventualmente de um coorientador que possua perfil acadêmico complementar a ele. Os orientadores do programa possuem formação e atuação acadêmica associadas a pelo menos uma das linhas de pequisa do Programa e contribuem para a formação do estudante e para a qualificação de seu projeto de mestrado.
Atualização do projeto pedagógico do curso
O projeto pedagógico do curso de Mestrado Acadêmico sofreu uma atualização que se encontra no momento em avaliação pela UFBA e pela CAPES. Esse novo projeto pedagógico deve ser implantado em 2017. Acesse-o no link Novos projetos pedagógicos.